domingo, 7 de novembro de 2010

O brigadeiro

(continuação do conto Uma Xícara de chá para pensar)

Mirella não tirava da cabeça sua última conversa com Vicente. No momento não dera atenção quando ele disse “Você não entendeu. Mas tudo bem, não precisa entender agora.”. Isso, agora, não saía de sua cabeça.

Olhou para seu mural, e lá tinha uma foto de quando os dois eram crianças, na festa de aniversário de 8 anos de Mirella.

Vicente... Lembra-se de quando o conhecera em sua cidade natal, Itu, quando o garoto se mudou para o apartamento vizinho ao seu. Ele tinha 8 anos e ela 7. Vicente jogava bola com seu irmão na quadra do prédio logo no primeiro dia na cidade. A quadra, na época, não tinha rede de proteção e quando a garota passou por perto, Vicente chutou a bola e sem querer a acertou na cabeça. Correu para ver se ela estava bem, mas Mirella ficou brava, achando que tinha sido de propósito e mandou o garoto para o inferno (na época, ela ainda achava feio falar palavrão).

Se não fosse o fato de as mães das duas crianças terem ficado tão amigas, Vicente e Mirella seriam apenas mais dois vizinhos que têm birra um do outro. Mas não foi o que aconteceu. A mãe de Mirella, um dia, encontrou a nova amiga no elevador e a chamou para o aniversário de sua filha. “Leva os seus meninos”, disse ela.

Quando Mirella viu Vicente em seu aniversário, surtou.

-O que você tá fazendo aqui? É o MEU aniversário e eu não quero você aqui!

-Eu que não queria estar aqui! Minha mãe que me obrigou!

Vicente deu as costas para Mirella e correu para a mesa dos doces. Mirella, irritada, correu atrás de Vicente, que estava prestes a roubar um brigadeiro.

-NÃO PODE! Não cantamos o “Parabéns” ainda!

Vicente ficou sem jeito, deixou o brigadeiro na mesa, e saiu de perto, cabisbaixo, falando algo como “A única coisa que eu queria aqui...”

Mirella, então, se arrependeu. Viu que o garoto passou o aniversário o tempo todo junto de sua mãe, quieto... É, não parecia nada feliz de estar ali. E ele só queria um brigadeiro.

Mirella, então, pegou um e foi até Vicente. Sem jeito, estendeu o doce ao garoto.

- Tó.

- Por quê?

- Pega logo e não enche.

Vicente, desconfiado, pegou o doce.

– Obrigado...

A mãe de Mirella viu essa cena e, escandalosamente, disse

- Ah, que lindos! Deixa eu tirar uma foto de vocês, deixa?

Na foto, Mirella com cara de quem queria matar a mãe. Vicente, com um sorriso amarelo, cheio de chocolate nos dentes.

A foto estava até hoje no mural de Mirella.

Vicente... Mudara tanto nos últimos anos! Mais alto, mais forte... Os olhos e o sorriso, no entanto, eram os mesmos. Sua atenção, sua dedicação e sua maturidade (que ele já tinha desde criança), ainda eram as mesmas. Mirella, também, ainda era a mesma. Sempre surtava, sempre gritava com Vicente. Ele sempre a acalmava.

Os meses antes do vestibular foram os mais difíceis. A idéia de cada um ir para uma cidade diferente os atormentava, mas prometiam sempre que um visitaria o outro. Mas tanto sofrimento foi desnecessário: passaram na mesma universidade, em São Paulo. Não moravam mais no mesmo prédio, mas ainda moravam na mesma rua.

Vicente... Nunca foi com a cara de Bruno. Bruno era folgado e espaçoso quando Vicente estava por perto. Os dois nunca se deram bem, mas Vicente nunca escondeu isso, sequer disfarçava a raiva que sentia de Bruno. Bruno, por outro lado, se fazia de amigo de Vicente. Hoje Mirella via isso. Se fazia de amigo, mas não era. Ele parecia querer colocar Vicente contra Mirella, e muitas vezes Mirella acreditou em Bruno. Chegou a ignorar Vicente por meses, depois que Bruno disse que Vicente puxou briga com ele. Vicente disse o contrário, que Bruno que puxou briga, mas Mirella não acreditou. Só voltou a falar com o amigo depois que contaram a ela o que acontecera de fato; quem mentia na história era Bruno. Mirella não precisou de grande esforço para ter o amigo de volta. Ele abriu a porta, ela disse “Me desculpa?” e ele apenas respondeu com um abraço. Vicente não era de falar muito. Era bom de ouvir e entender.

Por isso Mirella estranhou tanto o comportamento dele na última conversa. Vicente... Sempre fizeram por ela o que nenhum outro fazia. E ela, o que fazia por ele? Nada.

Mirella, então, foi para uma doceria da rua e comprou o brigadeiro mais apetitoso; pediu para colocarem em uma caixinha para viagem e escreveu um bilhete em um papel rosa.

Chegando no prédio de Vicente, foi até a porta de seu apartamento. Segurando a porta do elevador, deixou a caixinha do brigadeiro com o bilhete na porta, tocou a campainha e entrou de novo no elevador.

Vicente abriu a porta. No bilhete, dizia:

“Me desculpe por tudo. Precisamos conversar.”

Continua...

domingo, 31 de outubro de 2010

Uma xícara de chá para pensar

(continuação do conto “Ela Decidiu Que Queria Morrer”)

Vicente esticou a Mirella uma xícara de chá.

- Toma. – disse, firme

- Não quero.

- Eu sei que não quer. Mas estou mandando. Anda logo, toma.

Mirella olhou para Vicente assustada. Pegou o chá, e ainda de olhos nele, tentou dar o primeiro gole.

- Ai! – disse, após queimar a língua.

- Eu disse pra tomar o chá, mas não pra tomar rápido.

Vicente estava estranho. Parecia bravo com ela e ela não entendia qual seria o motivo. Será que ele não via que ela estava sofrendo? Que precisava de compreensão e não de um olhar tão duro? Decidiu não falar nada e começou, cuidadosamente, a tomar seu chá. Enquanto bebia, Vicente não tirava os olhos dela. Em seu olhar, parecia haver uma pergunta. Quando Mirella já estava na metade do chá, a pergunta de Vicente migrou dos olhos para os lábios:

- Por quê?

- Por que o quê, Vicente?

- Por que você ia fazer aquilo?

- Ah, Vicente... – disse, baixando a xícara e o olhar.

- Sem essa. Agora você vai me explicar.

- Eu ainda amo o Bruno...

- Bruno, Bruno, sempre o Bruno. Aquele Bruno que sempre fugia de você? Que ficava de saco cheio quando você o abraçava? Aquele Bruno que mentia, que traía?

- Ele não me traía... – interrompeu, mas Vicente continuou, cada vez mais exaltado.

- Traía sim, e você sabe disso. - continuou - Aquele Bruno que todos os dias te fazia chorar? Aquele Bruno que não te amava?

- Ele me amava... Da maneira dele.

- Você merece mais do que essa maneira dele te amar. Você não percebe que sempre fez de tudo... De TUDO por ele e nunca recebeu nada em troca?

- Amor não pede nada em troca... Mas Vicente, por que você está assim? – Mirella estava cada vez mais assustada. Vicente ignorou sua pergunta.

- Não pede nada em troca? Se não pedisse, você não teria sofrido tanto.

Essa última frase foi dita com tal frieza que Mirella começou a chorar. Vicente puxou a cadeira para perto dela, segurou suas mãos e procurou seu olhar.

- Eu falo tudo isso porque te amo, Mirella. Você sabe disso.

- Eu sei, Vicente. Você é meu melhor amigo desde criança, você sabe que eu também te amo.

- Você não entendeu. Mas tudo bem, não precisa entender agora.

Abraçou a amiga. Mirella aconchegou-se nos braços de Vicente e fechou os olhos. Chorava sem parar.

Continua...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A filha do morto

O Sol já estava indo embora quando aquele enterro começou. Devia ser um homem conhecido, pois havia muita gente ali. No entanto, não devia ser querido, pois percebi que muitas lágrimas sequer molhavam os rostos daquele povo. A única que chorava era a viúva – mas ao seu lado, um bonitão parecia confortável demais para a ocasião.

Gosto de morar nesse cemitério. Observar as pessoas em sua fragilidade máxima, notar se uma lágrima é de tristeza ou se, no fundo, é de alívio. Aprendi a ler as pessoas, entendê-las – e, acima de tudo, a odiá-las ao mesmo tempo em que fico fascinado por elas.

Meu nome é George, considero que tenho 27 anos. Moro aqui há 50 anos desde que morri. Ninguém pode me ver, nem me escutar, e acho isso divertidíssimo.Gosto de chegar perto das pessoas, ouvir sua respiração, suas conversas. Por que não saio do cemitério? Porque aqui é o lugar em que as pessoas sentem mais – não importa o quê. Tristeza, saudade, desespero...

Mas esse enterro, desse dia, foi o que mais me chamou a atenção. Uma garota começou a se afastar. Aparentava ter uns 10 ou 11 anos, ruiva e de pele branca. Andava, alheia à tudo que acontecia. Quando começou a se afastar, a viúva disse “Não vá longe, filha”. Era, então, a filha do defunto. A garota não lhe deu ouvidos, se afastou, chutando as folhas secas que estavam em seu caminho. Tinha o pensamento longe, mas tão longe que nem eu consegui alcançá-lo.

Caminhava em minha direção, sempre olhando para o chão. De repente ela parou. Parecia que algo estava em seu caminho. Ela olhou o que estava em seu caminho, de baixo para cima. Percebi, então, que o que estava em seu caminho, então, era eu.

- Dá licença, por favor?

- Claro, toda...

Dei passagem a ela.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ninho

Quando um sentimento é superficial, e na maioria das vezes apenas um engano, fica muito fácil verbalizá-lo. Ele já está perto da saída, vai com o fluxo das emoções e, quando nos damos conta, já soltamos uma declaração impensada.
No entanto, quando um sentimento é profundo, verdadeiro, ele se instala no coração e não quer mais sair de lá. É como achar um lar aconchegante com uma lareira, chocolate quente e uma coberta após enfrentar uma nevasca. É assim que um sentimento verdadeiro fica quando começa a surgir. Ele não quer sair, não quer dar as caras... Ele, na verdade, é medroso. Não se sente forte o suficiente para enfrentar o mundo lá fora. Prefere ficar recluso, ganhando força... Crescendo... Crescendo tanto, mas tanto, que chega uma hora que ele não cabe mais em seu lar...
Escapa por todos os poros da pele que o abriga, escapa pelos olhos... Por último, escapa pela boca. Ele cresceu, virou adulto. Quer liberdade. Quer se mostrar ao mundo. E quer, principalmente, encontrar sua alma gêmea, que se chama "Eu também te amo".

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Eu estava em paz quando você chegou"

Roubaram meu ar,
tiraram meu chão,
acabaram com a minha calma.

E por isso
(e não "apesar disso")
estou muito feliz!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ela decidiu que queria morrer

Aquele dia chuvoso estava insuportável, tanto quanto os outros. Mirella estava deitada em sua cama, olhando para o teto. Não conseguia dormir, e dormir era tudo que ela queria. Era só o que ela queria. Novamente, deixara de ir à faculdade, faltara no trabalho e não atendera nenhum telefonema. Sua mãe ligou, seu pai, seu chefe, sua colega da faculdade. Não importa. Ele não ligara. Bruno, o culpado por sua dor, simplesmente havia sumido há duas semanas.

Como poderia ser? Três anos de namoro não eram três dias. De repente era como se nada houvesse acontecido para ele. Não parecia que tudo havia acabado. Para ele, parecia que tudo simplesmente nunca havia acontecido. De repente, ele terminou o namoro. Pouco antes, de repente, ele disse que não a amava mais. Pouco antes, de repente, ele não mais a beijava. Pouco antes, de repente, ele começou a ficar distante.

É, pensou ela, talvez tudo não tenha sido tão de repente assim. Mas eles nunca deixaram de ser especiais. Nunca deixaram de ter uma cumplicidade gigantesca. Ela realmente acreditava que ia passar o resto de sua vida com Bruno. Mas de repente (não, não foi de repente, pensou) ele acabara com seus planos, jogara fora todos os sonhos.

A família de Mirella, que morava no interior, estava muito preocupada com ela. A filha não atendia ao telefone, e quando um deles ia visitá-la em seu apartamento perto da faculdade, Mirella não respondia a olhares, não sorria. Faltava-lhe brilho, vida. Ela estava preocupando a todos e tinha consciência disso. Ela queria melhorar para parar de ser preocupação para sua família e seus amigos. Mas como ela não conseguia melhorar, decidiu que queria morrer.

Levantou-se e caminhou até sua escrivaninha. Pegou da gaveta o canivete que usava nas aulas de arte. Pegou uma foto de Bruno e sentou-se no chão. Em uma mão, a foto. Em outra, o canivete. Em uma mão, o motivo da dor. Em outra, a solução. Abriu o canivete.

A porta de seu quarto abriu e com os olhos castanhos arregalados, Vicente, seu melhor amigo, a olhava espantada. Sentou-se no chão ao lado da amiga, e a abraçou com um dos braços. Com a outra mão, gentilmente, tirou o canivete da mão de Mirella e disse:

- Ainda bem que tenho a cópia da sua chave... Agora levanta, vou cuidar de você.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

1 ano após o término

Dizem que 1 ano após um choque muito grande (tanto bom quanto ruim) você volta ao nível de felicidade (seja muita, seja pouca) que estava antes do choque. Ou seja, tanto faz perder alguém ou ganhar na loteria, após 1 ano do ocorrido, você estará do mesmo jeito que estava. E eu, como estou?

Antes do grande choque, do grande término, eu estava perdida. Não sabia como te trazer de volta antes que tudo de acabasse, não sabia se conseguiria deixá-lo partir, caso fosse sua vontade.

Agora, em relação a você, me sinto perdida e injustiçada. E apenas isso. Em relação à vida, eu to cheia de esperança, cheia de planos, cheia de alegrias.

Estou melhor agora. Mas em homenagem ao que um dia fomos, estou ouvindo uma música que me lembra você. Sinto que se eu não lembrar, de vez em quando, será uma injustiça com tudo que vivemos, já que você mesmo não deve lembrar.

Terminar esse namoro me fez muito mal, por isso lembro com tanta alegria. Porque hoje vejo o quanto estou bem.

E a vida segue.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Faz tanto tempo

Não te vejo e nem te sinto há 6 meses
Não te escuto há 5 meses
Não tenho contato há 2 meses
Não tenho notícias há 1 mês

Faz tanto tempo que não somos mais o que um dia fomos
que acho que prefiro que as coisas permaneçam como estão.

domingo, 11 de julho de 2010

Sobra tanta falta...

Estar em um relacionamento sério é ter de lidar com a rotina e a idéia de que você nunca mais terá um primeiro beijo (se você é romântica como eu e sempre pensa que achou um amor pra vida toda). É saber que não terá mais um primeiro encontro, um começo de relacionamento. Muitas vezes nem lembramos como é a sensação de borboletas no estômago. Às vezes, depois de um tempo de namoro, bate saudade dos tempos de solteira. De não dever satisfação a ninguém, de poder olhar e paquerar o bonitão que está dando mole... De poder sair com as amigas, sem culpa. De não precisar brigar, não ter porque ter ciúme...
Bom, estando solteira há quase um ano, posso falar: revivi tudo isso depois de um namoro de mais de 2 anos (e antes desse, outro namoro de quase 3 anos, tendo apenas 3 meses de solteira entre um namoro e outro). Foi legal? Foi. Diferente? Com certeza. Fiz coisas que achei que nunca faria? Fiz.
Tive primeiros encontros, primeiros beijos, borboletas no estômago, dúvidas, saídas com amigos sem culpa, paquerei o bonitão que estava dando mole, não briguei com ninguém... Ok, tive ciúmes, mas sem o direito de tê-lo.
Ok. Legal. Mas já deu.
Sinto falta não da rotina, mas da certeza de que veria a pessoa especial no final de semana. Sinto falta das brigas - porque as reconciliações são ótimas! Sinto falta de pensar "Caramba, esse é o amor da minha vida!" e agradecer todos os dias pela sorte que tive de encontrar alguém tão perfeito para mim. Sinto falta de poder ter ciúmes, de poder dizer "Desculpa, meu bem, mas essa sua amiga é uma vaca.".
Sinto falta dos passeios de mãos dadas, dos olhos nos olhos, de sentir o cheirinho do amado no meu travesseiro depois que ele vai embora. Sinto falta de acordar e ver alguém dormindo ao meu lado e eu poder me aconchegar bem pertinho para não ter mais frio. Sinto falta de olhar a foto de alguém e pensar "É meu namorado!".
Mais do que tudo, sinto falta de amar. Sinto falta de ouvir "eu te amo" e sentir que foi sincero.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Verdade seja dita

- Sentirá falta de olhar para baixo? De ter que ficar no degrau de baixo da escada rolante? De perder o carro no estacionamento?
- Vai ser muito estranho se eu disser que sim?

domingo, 20 de junho de 2010

Primeiro amor

Ele a viu de longe e sentiu-se corar. Ela estava rindo com as amigas e parecia nem notar a presença do garoto de sete anos. Ela, uma garota de dezesseis, parecia mais interessada na revista que compartilhava com as amigas do que naquele par de olhos que brilhavam só de vê-la.

Era dia dos namorados em dia chuvoso e frio, e muitas pessoas desfilavam pela escola com as mãos segurando cartões, corações de pelúcia... Ou melhor: segurando as mãos de outra pessoa. Ele sentiu uma pontinha de inveja da revista que a jovem segurava. Sentiu uma pontada de ciúme do garoto da Malhação que estava na capa. Queria, por um momento, que ela gostasse dele. Queria poder ouvir sua voz de perto.

Vasculhou os bolsos e só tinha uma moeda de dez centavos. Na cantina da escola, havia algo perfeito: uma balinha em forma de coração.

Aproximou-se da garota e ela só notou sua presença quando ele estava bem pertinho, olhando para ela com os olhos assustados e as bochechas vermelhas.

- Oi! – disse ela

O garotinho teve vontade de sair correndo, mas agüentou firme.

- Oi. Qual é o seu nome?

- Caroline. E o seu?

- Ricardo...

- Que nome lindo, Ricardo!

As amigas de Caroline entreolharam. Umas riam, outras percebiam o quanto a cena era meiga.

Ricardo tirou do bolso a bala e a estendeu a Caroline.

- Ah, não quero não, obrigada!

- É presente. De dia dos namorados – disse Ricardo olhando para baixo.

Caroline pegou a bala, sem palavras. O sinal tocou e o recreio acabou. Antes que ela pudesse agradecer, uma amiga disse:

- Corre que agora é prova!

Caroline agradeceu a bala e saiu apressadamente para sua sala.

Na hora da saída, Ricardo esperava sua mãe em baixo do toldo da portaria da escola. Viu Caroline se aproximando dele.

- Ricardo! Que bom que você está aqui! – disse bagunçando o cabelo do garotinho – A bala estava uma delícia! Muito obrigada, viu? – e deu um beijo na bochecha de Ricardo.

Ricardo sentiu o rosto arder, quando ouviu sua mãe chamando. Correu para o carro, pois sabia que sua mãe não gostava de esperar (e a bronca viria fácil se ele demorasse).

Entrou no carro e viu que Caroline ainda o observava. No vidro embaçado, ele fez um coração. Caroline sorriu. Para ela, ele era apenas um garotinho fofo. Para ele, ela era sua primeira namorada.

Enquanto isso, durante o jogo do Brasil...

Mari já estava a postos no sofá de sua casa: camisa da seleção, vuvuzela na mão. Renato, ao seu lado, camiseta azul básica, não a entendia. Todas as mulheres do mundo queriam um namorado que não gostasse de futebol, mas Mari reclamava justamente que Renato não dava bola para seu esporte favorito.

O jogo começa. Mari vibra, Renato boceja. Mari chinga, Renato ri. Mari grita “IMPEDIDO!” e Renato pergunta “Quê?”.

Renato começa a considerar torcer pelo time adversário, só para irritar Mari. Na menor menção de vibrar pelo time, Mari olha feio para ele que, já que não é idiota, resolve ficar calado.

Renato decide, então, ler um livro enquanto Mari assiste ao jogo.

- Renato, você está me irritando com esse livro!

- Mas o que eu fiz?

- O barulho das páginas! Está me irritando!

- Desculpe...

Renato decide, então, sair da sala.

- Renato, para onde você vai?

- Vou tirar uma soneca...

- Você FICA! Tá me dando sorte...

Renato, resignado, senta-se novamente no sofá.

Mari pede que Renato faça pipoca. Renato, obedece.

Da cozinha, olha para sua amada chingando e vibrando pelo time e pensa:

“Ah... Esse é o meu homem!”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Conto de fadas arruinado

Na minha praia particular, fiz meu castelo de areia.
Veio você, e pisou nele, destruindo tudo.

Então, peguei todo o amor que tinha e coloquei para doação.
No lugar do amor, adotei o ódio.
É mais compatível com meu estilo de vida.
Amor solta pêlos, come muito, dá trabalho.
O ódio fica quietinho, não come quase nada e pode me servir...
Mesmo que não seja correspondido.

(vídeo do texto aqui)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sinceramente

Gostaria de poder ser sincera, novamente, sem medo das consequências. Poder ser sincera sem medo do que alguém pensaria de mim. Poder ser sincera, sem joguinhos.
Abrir o jogo, abrir meu coração. E poder confiar, ouvir sem encanações, sem pensar no "e se...?" e no "será?".
Gostaria de poder andar de mãos dadas, de deitar lado a lado e falar besteiras. Poder dividir um Starbucks, assistir um filme acompanhada, fazer planos pra semana seguinte. E pra seguinte. E pra seguinte.
Elaborar surpresas, cartões...
Sentir um frio na barriga e uma certeza no coração. Ter a impressão de que conheço meu par mais do que qualquer outra pessoa. Ter a impressão de que, no mundo, nada mais importa a não ser "nós".
A real é que queria amar novamente.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Atenção:

O post anterior não foi piadinha de 1º de Abril =D

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Doces sonhos

Sonhei que olhei no fundo daqueles olhos puxados de chinesa e a esganei. Sonhei que puxava seus cabelos. Sonhei que empurrava para o chão e ria do fato do nosso amado não a resgatar. Sonhei que batia nela até ela ficar roxa. Socos, tapas...
Sonhei que ele a largava. Sonhei que ele reclamava dela. Sonhei a maioria dessas coisas estando acordada.
Hoje, não sei porquê, não sonho com mais nada disso. Hoje meus sonhos voam mais alto. E um alívio começa a aparecer dentro de mim.

terça-feira, 2 de março de 2010

A hóspede

Ontem de noite, uma vista inesperada. Estava jantando com minha mãe (um belo de um sanduíche de presunto), quando a campainha toca.

Abro a porta e lá estava ela: bem, formosa e irascível.

-Oi, Srta Gastrite! Há quanto tempo! – eu disse, fingindo alegria; essa visitante nunca me agradou.

-Oi, querida! Vim te ver... De novo!

-Pois é, fazia tempo mesmo né... – lembrei-me da última visita dela: foi um tanto quanto incômoda

-Ô, se fazia! Estava com saudades e olha: dessa vez vim pra ficar por um bom tempo!

Pensei em dizer “Que ótimo, entre!”, mas o que disse, em choque, foi:

-Mas a que devo a honra dessa ilustre visita?

-Ué – disse ela me empurrando sutilmente para entrar em minha cama – Eu venho quando você passa um nervoso muito grande né? Mando e-mails quando você fica muito tempo sem comer, mas o nervoso que você tem passado é digno de uma longa hospedagem minha aqui! – Srta Gastrite sempre foi muito tagarela, não me deixa tempo nem respirar – Então, onde está o quarto de hóspedes?

- Quarto de hóspedes? Nunca tivemos quarto de hóspedes! - respondi, indignada

- Ah, melhor ainda. Vou dormir no colchão ao lado da sua cama, aí ficamos mais pertinho e podemos fofocar a noite toda!

- Escute aqui – comecei a ser agrassiva, mas pensei bem: ela é poderosa, é melhor tratá-la com respeito – Digo... Tenho afazeres, você sabe que não vou poder te dar atenção...

-Ah, mas vai ter de arrumar um tempinho! – disse no tom que uma grande amiga diria “Você tem de ir comigo comprar sapatos pra animar esse rostinho!”

- Vou tentar – sabendo que eu estava vencida – Mas me diga, estou passando nervoso há meses, por que só agora resolveu me visitar?

-Não, “peralá”! O que você tem passado é tristesa. Isso aí é com o Sr Exaqueca, Sr Sono Excessivo, Sr Choradeira... Você também passou por estresse, e isso é coisa com a Dra Labirintite. Eles são tão chatos, né querida? Mas eu aqui vou me fazer ser lembrada!

“Não duvido...” pensei, já com saudade do Sr Exaqueca, do Sr Sono Excessivo (esse praticamente mora na minha casa, tenho uma relação quase que íntima com ele) e do Sr Choradeira. Da Dra Labirintite não senti tanta falta, ela foi uma hóspede que demorou a ir embora e me deixava muito confusa.

- O que você passou nos últimos dias, – continuou Srta Gastrite – ah, isso sim foi um nervoso. Um nervoso digno de minha visita! Lembra a primeira vez que vim te ver? Aliás, nem vim aqui, você nem morava nessa casa ainda... Morava no apartamento antes, lembra-se?

-Lembro... – desanimada, sentando-me no sofá em que ela, sem ser convidada, já estava instalada e de pés para cima.

- Aquele acidente horrível de avião que aconteceu poucos dias antes de seu namorado pegar um avião... Aquilo mexeu muito com você, não foi, querida? – disse, começando a mexer no meu cabelo, com pena de mim.

Afastei-me e respondi:

- Aquilo é passado. Como você bem sabe, hoje esse cara é meu ex.

- E já está com outra. E essa outra está transformando ele no pior sentido, não é mesmo? Por isso estou aqui! Você sentiu raiva, mas tanta raiva, que ouvi seu chamado de longe. Até o Dr Choradeira teve de intervir, e olha que é difícil ele se intrometer nos meus assuntos...

- Tá, mas eu posso resolver isso sozinha, não sei se tem necessidade da sua hospedagem aqui...

- Tem sim – disse ela, de repente muito séria. Depois, sorrindo, disse – Vamos tomar um chá?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Romance sombrio

Abri minha janela, a noite estava quente. Tudo à minha volta estava quente, mas meu coração estava gelado e eu não sabia o que estava acontecendo. Ao abrir a janela, o vento soprou, levantando as cortinas brancas e translúcidas que um dia pertenceram à minha avó.

Meu quarto é bem antigo, assim como minha casa. Essa casa é habitada desde a geração de minha tataravó e meu quarto um dia foi de minha bisavó. A grande cômoda, em madeira antiga, apenas aparentava a idade que tinha por seus traços, pois estava muito bem conservada.

Deitei em minha cama, mas não consegui dormir. Meu coração estava cada vez mais gelado e meu corpo cada vez mais quente. O vento ajudava a refrescar o calor, mas e meu coração.

Por detrás das cortinas avistei uma sobra familiar. Não podia ser ele. Ele havia sumido há semanas, sem dar explicações. Perdi as esperanças de um dia vê-lo novamente. A sombra permanecia em seu lugar e sentei-me na cama.

- Oi? – não tive resposta – Alguém aí?

A sombra moveu-se rapidamente e sumiu. Assustei-me ao me deparar com Pedro ao lado da cômoda.

-Pedro! Não acredito! – disse, saindo aos saltos da cama. Ele não se moveu, apenas me olhava seriamente.

Abracei-o e o beijei, mas ele não se movia. Havia a dor em seus olhos.

-Pedro, por favor, me conte o que aconteceu! Você sumiu e eu fiquei preocupada e...

Ele me calou com um beijo, cheio de sentimento e dor.

-Marília, me desculpe. – ele começou a despejar as palavras - Eu não posso, mas não consegui ficar longe. Tive que te ver mais uma vez, esperei você dormir, mas então você abriu e eu não resisti... Me perdoe, eu vou embora agora.

-Não! Espera! – disse segurando Pedro pelo punho – O mínimo que você deve fazer é me contar o que está acontecendo!

-Marília, prometa-me não contar a ninguém. Se você contar, nunca mais nos veremos.

-Eu prometo.

-Eu sou um vampiro.

Caí na gargalhada.

-Pedro, logo você que desmaia quando vê sangue? Desculpa, mas não vejo em você vocação para Edward ou Damon ou Stefan – disse, ainda rindo

-Eu estou falando sério. Eu não me alimento de sangue – disse com uma expressão de nojo

-Então...?

-Me alimento da energia humana. Quanto melhor, mais feliz, mais alegre e amorosa for essa energia, mais eu sugo, mais eu quero e tenho sede... Eu não conseguia ficar perto de você porque sentia o quanto você me amava. E eu não quero sugar esse amor de você.

Mesmo à luz do luar que entrava pela janela, Pedro deve ter visto minhas bochechas corarem.

-Sim, Marília, eu sempre soube que você me ama. Não precisa esconder. Eu sinto o cheiro do seu amor.

-Mas Pedro, se você sempre sugar esse amor, o que acontece?

-Se eu sugar esse amor até o fim, até a sua raiz, posso matar a sua capacidade de amar.

-Façamos o seguinte. Alimente meu amor me amando. Eu te alimento. Esse amor não vai acabar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Só pra constar:

Acabei de comer um pastel de Nutella com Morango.
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não tenho jeito, mesmo.

Conselho de gente mais velha é: um dia o romance acaba. Seguindo esse conselho, o ideal seria nunca abrir mão de nada em nome de um amor. Mas quem começa um romance esperando que ele acabe? Um dia a paixão acaba. Um dia todo o romantismo acaba. Mas se houver amor, o companheirismo nunca acaba. Será que valeria a pena abrir mão da chance de viver uma linda história por causa de um emprego? Trabalho não tá fácil de se encontrar, mas é algo que não é único no mundo - pode até demorar, mas outro emprego virá. Mas o amor, aquele amor, é único. Eu não trocaria meu amor por qualquer trabalho que fosse. Eu ia mandar um fax pensando "A essa hora eu estaria ao lado dele". Eu participaria de reuniões pensando "A essa hora eu poderia estar grávida dele". Tudo que eu criaria, como futura publicitária, seria pensando e lembrando dele. Tudo bem que temos que ter os pés no chão, mas da mesma forma que sou uma futura publicitária, sou uma atual e constante romântica incorrigível.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Dá uma clicadinha ;D

1 clique vale 1kg de alimento a ser doado por alguma empresa - e quemm clica não paga nd.
Cliquem!
Não custa nada!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Venha,

vamos dançar como se não houvesse amanhã, como se tudo fosse acabar em um minuto.
Venha, vamos dançar como se tudo não fosse acabar daqui a poucos dias, como se tivéssemos a vida inteira pela frente.
Vamos, vamos correr, vamos rir, vamos dançar. Eu não posso mais segurar essa vontade de aproveitar o dia com você.
Vamos, vamos calar no olhar, vamos sorrir o que não se diz...
Vamos dançar, a Lua nos chama... Por que não atendê-la?
Vamos, o Sol logo vai nascer e eu não tenho tempo a perder. Ao clarear o dia, tudo estará acabado - e você estará longe de mim.
Vamos, vamos dançar... Porque ruim não é voltar para casa. Ruim é ir para longe de você.

Um dia na pele da Diva!

Se eu pudesse escolher, Hebe Camargo seria meu Avatar por um dia. Seria o máximo saber como é ser rica, poderosa, perua e diva! Eu fuçaria todas suas caixas de jóias - e usaria tudo que encontrasse lá. Ia ordenar que nesse dia, na gravação do programa dela, só fossem convidados atores gatíssimos - Mateus Solano e Rodrigo Lombardi teriam de estar na lista! - para eu poder descolar selinhos deles sem nenhum segurança me escorraçar. E aproveitaria para causar: pintaria o cabelo Loiro-Hebe de roxo! Um luxo!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fala, Bial!

Mais um BBB começou, e ganhar o prêmio de 1,5 milhão de reais é moleza se seguirmos a receita de sucesso dos vencedores. Se eu estivesse na casa, para começar, ia me fazer de pobre. O público adora dar o prêmio para quem precisa, e não necessariamente para quem o merece. Para não sair apagada logo na primeira semana, no entanto, eu teria de causar polêmica, mas sem parecer louca. Outra grande tática é conquistar algum grande público unido (ou vários), e se der para conquistar toda a turma GLBT, a torcida do Flamengo e ManíacosporNatureza.com , melhor ainda. Mas uma coisa eu não poderia fazer: ficar mostrando peitinho por aí (por falta deles, mesmo) e ficar mostrando a bunda (por vergonha na cara, mesmo).
 
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