domingo, 20 de junho de 2010

Primeiro amor

Ele a viu de longe e sentiu-se corar. Ela estava rindo com as amigas e parecia nem notar a presença do garoto de sete anos. Ela, uma garota de dezesseis, parecia mais interessada na revista que compartilhava com as amigas do que naquele par de olhos que brilhavam só de vê-la.

Era dia dos namorados em dia chuvoso e frio, e muitas pessoas desfilavam pela escola com as mãos segurando cartões, corações de pelúcia... Ou melhor: segurando as mãos de outra pessoa. Ele sentiu uma pontinha de inveja da revista que a jovem segurava. Sentiu uma pontada de ciúme do garoto da Malhação que estava na capa. Queria, por um momento, que ela gostasse dele. Queria poder ouvir sua voz de perto.

Vasculhou os bolsos e só tinha uma moeda de dez centavos. Na cantina da escola, havia algo perfeito: uma balinha em forma de coração.

Aproximou-se da garota e ela só notou sua presença quando ele estava bem pertinho, olhando para ela com os olhos assustados e as bochechas vermelhas.

- Oi! – disse ela

O garotinho teve vontade de sair correndo, mas agüentou firme.

- Oi. Qual é o seu nome?

- Caroline. E o seu?

- Ricardo...

- Que nome lindo, Ricardo!

As amigas de Caroline entreolharam. Umas riam, outras percebiam o quanto a cena era meiga.

Ricardo tirou do bolso a bala e a estendeu a Caroline.

- Ah, não quero não, obrigada!

- É presente. De dia dos namorados – disse Ricardo olhando para baixo.

Caroline pegou a bala, sem palavras. O sinal tocou e o recreio acabou. Antes que ela pudesse agradecer, uma amiga disse:

- Corre que agora é prova!

Caroline agradeceu a bala e saiu apressadamente para sua sala.

Na hora da saída, Ricardo esperava sua mãe em baixo do toldo da portaria da escola. Viu Caroline se aproximando dele.

- Ricardo! Que bom que você está aqui! – disse bagunçando o cabelo do garotinho – A bala estava uma delícia! Muito obrigada, viu? – e deu um beijo na bochecha de Ricardo.

Ricardo sentiu o rosto arder, quando ouviu sua mãe chamando. Correu para o carro, pois sabia que sua mãe não gostava de esperar (e a bronca viria fácil se ele demorasse).

Entrou no carro e viu que Caroline ainda o observava. No vidro embaçado, ele fez um coração. Caroline sorriu. Para ela, ele era apenas um garotinho fofo. Para ele, ela era sua primeira namorada.

Enquanto isso, durante o jogo do Brasil...

Mari já estava a postos no sofá de sua casa: camisa da seleção, vuvuzela na mão. Renato, ao seu lado, camiseta azul básica, não a entendia. Todas as mulheres do mundo queriam um namorado que não gostasse de futebol, mas Mari reclamava justamente que Renato não dava bola para seu esporte favorito.

O jogo começa. Mari vibra, Renato boceja. Mari chinga, Renato ri. Mari grita “IMPEDIDO!” e Renato pergunta “Quê?”.

Renato começa a considerar torcer pelo time adversário, só para irritar Mari. Na menor menção de vibrar pelo time, Mari olha feio para ele que, já que não é idiota, resolve ficar calado.

Renato decide, então, ler um livro enquanto Mari assiste ao jogo.

- Renato, você está me irritando com esse livro!

- Mas o que eu fiz?

- O barulho das páginas! Está me irritando!

- Desculpe...

Renato decide, então, sair da sala.

- Renato, para onde você vai?

- Vou tirar uma soneca...

- Você FICA! Tá me dando sorte...

Renato, resignado, senta-se novamente no sofá.

Mari pede que Renato faça pipoca. Renato, obedece.

Da cozinha, olha para sua amada chingando e vibrando pelo time e pensa:

“Ah... Esse é o meu homem!”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Conto de fadas arruinado

Na minha praia particular, fiz meu castelo de areia.
Veio você, e pisou nele, destruindo tudo.

Então, peguei todo o amor que tinha e coloquei para doação.
No lugar do amor, adotei o ódio.
É mais compatível com meu estilo de vida.
Amor solta pêlos, come muito, dá trabalho.
O ódio fica quietinho, não come quase nada e pode me servir...
Mesmo que não seja correspondido.

(vídeo do texto aqui)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sinceramente

Gostaria de poder ser sincera, novamente, sem medo das consequências. Poder ser sincera sem medo do que alguém pensaria de mim. Poder ser sincera, sem joguinhos.
Abrir o jogo, abrir meu coração. E poder confiar, ouvir sem encanações, sem pensar no "e se...?" e no "será?".
Gostaria de poder andar de mãos dadas, de deitar lado a lado e falar besteiras. Poder dividir um Starbucks, assistir um filme acompanhada, fazer planos pra semana seguinte. E pra seguinte. E pra seguinte.
Elaborar surpresas, cartões...
Sentir um frio na barriga e uma certeza no coração. Ter a impressão de que conheço meu par mais do que qualquer outra pessoa. Ter a impressão de que, no mundo, nada mais importa a não ser "nós".
A real é que queria amar novamente.
 
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