
Eu ainda sofria com o isolamento no colégio.Eu ainda achava um arraso pintar as pontas de cabelo de cores diferentes.
Eu ainda saía em fotos com pessoas que na época eu julgava serem as mais importantes - mas que no futuro seriam vetadas.
Eu ainda conseguia comer mais que todo mundo e não engordar.
Eu ainda pensava que a vida adulta estava longe.
Eu ainda queria ser jornalista.
Eu ainda achava que podíamos controlar nossas próprias vidas - e que ninguém melhor que nossa família para saber o que eu realmente precisava.
Eu ainda achava que iria me casar com meu primeiro namorado.
Aliás, eu ainda achava que ia me casar.
Eu ainda achava que cariocas eram imprestáveis - sem exceção.
Aliás, eu ainda achava que eu nunca amaria um carioca da Poli.
Eu ainda achava que voltaria a fazer teatro quando passasse a época do vestibular.
Eu ainda achava que um dia seria famosa.
Eu ainda achava que aos 21 anos eu já seria independente e noiva.
Eu ainda achava que aos 21 eu estaria bem resolvida comigo mesma.
Eu ainda achava que eu ainda cresceria e viraria uma mulher linda.
Eu ainda achava - pelo menos torcia - que como uma passe de mágica eu não seria mais uma menina "despeitada"... Ou seja, eu ainda achava que eu não precisaria colocar silicone.
E se ainda precisasse, eu ainda achava que eu não me sentiria mal com isso.
Aos 17 anos me iludi muito.
Aos 17 anos eu acreditava em fatos que hoje sei que não são verdade.
Ao mesmo tempo que muito permanece igual, muito mudou.
O essencial é que hoje, com 21 anos, ao contrário de quando eu tinha 17, eu sei o que é o amor - e como sei!
Aprendi também que é muito difícil se abrir com alguém - mas é mais difícil ainda calar quando é preciso.
Hoje, aos 21, assim como quando eu tinha 17, eu ainda não sei ser paciente. Mas ao contrário daquela época, hoje sei que isso será fundamental para a minha vida.